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26 de Abril de 2024

USP expulsa 6 alunos da graduação por fraude em cotas para pessoas pretas, pardas e indígenas

De acordo com a instituição, os estudantes ainda poderão solicitar a reconsideração da decisão. Nos últimos quatro anos, a Pró-Reitoria de Graduação da universidade recebeu 381 denúncias do gênero.

Publicado por Diego Oliveira
há 3 anos

Em reunião do Conselho de Graduação ocorrida na última quinta-feira (22), a Universidade de São Paulo (USP) decidiu pela expulsão de seis alunos de graduação por fraudes em cotas destinadas a pessoas pretas, pardas e indígenas durante o processo de ingresso na instituição.

A universidade informou que não pode fornecer mais detalhes sobre o caso, já que os estudantes terão um prazo para pedido de reconsideração da decisão.

Segundo o Comitê Antifraude às Cotas Raciais na USP, órgão extraoficial, os alunos integravam o corpo discente da Faculdade de Medicina, em São Paulo, da Faculdade de Odontologia, em Bauru, interior do estado, e da Escola de Enfermagem, também na capital.

Nos últimos quatro anos, a Pró-Reitoria de Graduação da universidade recebeu 381 denúncias de fraude em cotas. Desde 2017, de acordo com a instituição, 193 casos estão em processo de investigação, 160 foram descartados e 27 não tiveram andamento, já que os próprios denunciados solicitaram o cancelamento das matrículas.

Primeira expulsão por fraude em cotas na história da universidade

Em julho de 2020, a USP expulsou, pela primeira vez, um aluno por fraude no sistema de cotas raciais e sociais. O estudante do curso de relações internacionais não conseguiu comprovar a autodeclaração.

Braz Cardoso Neto, de 20 anos, ingressou na universidade pelo sistema de cotas se autodeclarando pardo, de ascendência negra, e com baixa renda familiar.

O Coletivo Lélia Gonzalez de Negras e Negros, do Instituto de Relações Internacionais da USP, suspeitou da veracidade das informações e fez a denúncia à Comissão de Acompanhamento da Política de Inclusão da USP, que é uma instância ligada à Pró-Reitoria de Graduação da Universidade.

O órgão foi criado para apurar as denúncias de fraudes na autodeclaração de pertencimento ao grupo de pretos, pardos e indígenas (PPI) do vestibular da Fuvest.

À época, a USP informou que "não foi possível constatar a conformidade de suas características fenotípicas com a autodeclaração de PPI", e decidiu pelo desligamento do jovem, além do impedimento de uma nova matrícula por cinco anos.

Em março do último ano, uma estudante negra conseguiu se matricular na Universidade de São Paulo após denúncia de que outro candidato, que ficou à sua frente na lista do vestibular, teria fraudado o sistema de cotas.

Juliane Almeida, de 21 anos, era a quarta colocada na categoria que contempla pretos, pardos e indígenas (PPI). O curso de fisioterapia, que adotou cotas raciais na Fuvest pela primeira vez em 2020, aprovou três candidatos na categoria e, portanto, a estudante era a primeira da lista de espera.

Cotas na USP

Em 2017, a Universidade de São Paulo aprovou pela primeira vez a implantação de cotas raciais e de escola pública no vestibular da Fuvest.

Desde então, as unidades da USP usam a combinação de duas políticas de ação afirmativa: o bônus do Inclusp para candidatos da Fuvest, que reserva vagas para alunos de escolas públicas e autodeclarados pretos, pardos ou indígenas (PPI), e as cotas para estudantes de escola pública para candidatos do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usa a nota do Enem.

Segundo a instituição, ao se matricular, o aluno ingressante no curso de graduação assina uma autodeclaração na qual informa sua cor ou raça e toma ciência de que apenas pessoas com traços fenotípicos pertencentes ao grupo PPI farão jus às vagas reservadas às ações afirmativas relativas a esse público.

Nos últimos 10 anos, devido a essas políticas, a USP quadruplicou o número de estudantes de graduação que se declaram pretos, pardos ou indígenas.

Fonte Gustavo Honório*, G1 SP https://g1.globo.com/sp/são-paulo/noticia/2021/07/23/usp-expulsa-6-alunos-da-graduacao-por-fraude-em...

Créditos da foto:Vestibular-2019. Marcos Santos/USP

Veja mais sobre Comissão de Heteroidentificação em universidades em:

https://diegorenoldi.jusbrasil.com.br/noticias/1240563521/juiz-suspende-tribunal-etnico-racial-apos-...

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2 Comentários

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Parabéns pela iniciativa da instituição.

A lei de cotas em minha opinião é inconstitucional e já era previsto este tipo de problema.

Cotas Sociais seria a melhor das opções mas uma minoria impôs esta injustiça para a maioria.

Apenas um comentário de leigo Dr. Diego sem a intenção de criticar o texto ou o profissional autor do texto. continuar lendo

Como provar? Existe alguma Lei que define quem é ou não negro? continuar lendo